Se n’Os LusÃadas a viagem representa o triunfo do homem sobre os
elementos e permite aos heróis ultrapassarem a própria natureza humana, nas
Rimas camonianas o tema ganha colorações muito diferentes. Camões opera
poeticamente a confusão entre espaço e tempo que Jankélévitch considerou ser
o fulcro da percepção nostálgica. “Peregrino vago erranteâ€, Camões explora
ecos de ressonância autobiográfica para exprimir em termos de espaço a
desorientação introspectiva de Ãndole lÃrica. No presente estudo, mostra‑se
como os sÃmbolos e os valores que se associam à viagem são reinterpretados e
reelaborados nas Rimas de forma a dar amplidão universalizante à expressão de
uma personalidade plurifacetada. Ao mesmo tempo, a análise operada permite
concluir que não há contradição essencial no tratamento dado ao tema na
epopeia e na poesia lÃrica, e que em ambos os casos se manifesta a sensibilidade
tÃpica do maneirismo, aliada à exploração de gêneros literários diferentes.
If in Os LusÃadas travel represents the triumph of man over the
elements, allowing the hero to overcome human nature itself, in the Rimas
it acquires a rather different meaning. Camoens manages to accomplish the
poetic intermingling of time and space considered by Jankélévitch to be at
the centre of nostalgic perceptionâ€. Pilgrim wanderer and errantâ€, Camoens
explores echoes of autobiographical resonance to express in spatial terms the
introspective disorientation of a lyric nature. In the present study, we look
at how the symbols and values associated to travelling are reinterpreted and
redefined in the Rimas in such a way as to imprint universalizing amplitude to the expression of a multifaceted personality. At the same time, the analysis that
is developed leads to the conclusion that there is no essential contradiction in
the treatment given by Camoens to the theme in the epic poem and in his lyric
poetry. Both express the sensibility that is typical of mannerism, allied to the
exploration of different literary genres.