O principal objetivo do presente artigo é investigar o estatuto do ‘trágico’ no interior do pensamento de juventude de Friedrich Nietzsche. A partir de uma anál5ise minuciosa dos diversos aspectos que o termo comporta nesse período de sua produção, especialmente no tratamento que é dedicado ao tema de Sócrates e do socratismo em O nascimento da tragédia, desenvolvo a hipótese de que há uma importante diferença entre a estética do trágico na tragédia grega antiga e o caráter trágico da própria filosofia, tal como o autor os compreende. Desse modo, pretendo demonstrar que o conceito funcionou, muito antes de sua tardia noção de ‘filosofia trágica’, como um dispositivo teórico fundamental não apenas na sua crítica à tradição filosófica ocidental, como também, e sobretudo, na elaboração de sua própria concepção de filosofia.