O trabalho do enfermeiro no Programa de Saúde da Família – PSF: autonomia e reconstrução da identidade profissional

Revista Terra & Cultura

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ISSN: 0104-8112
Editor Chefe: Leandro Henrique Magalhães
Início Publicação: 01/09/1981
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Multidisciplinar

O trabalho do enfermeiro no Programa de Saúde da Família – PSF: autonomia e reconstrução da identidade profissional

Ano: 2006 | Volume: 22 | Número: 43
Autores: Maria José de Melo Prado
Autor Correspondente: Maria José de Melo Prado | [email protected]

Palavras-chave: enfermeiro, programa de saúde da família, autonomia, identidade profissional.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A enfermagem se constituiu historicamente, desde os primórdios da humanidade, estando relacionada ao cuidado aos doentes. Porém, foi no século XIX, com Florence Nightingale, que adquiriu características de profissão com bases científicas de conhecimento. Florence incorporou à profissão os conceitos de abnegação, dedicação, perfeição moral, assexualidade e uma rígida disciplina inspirada nos moldes militares. Esse processo foi paralelo ao surgimento dos hospitais como espaços de cura e estudos das doenças, o que levou à subordinação da enfermagem à medicina, como uma continuidade desta, obstruindo o fato de terem tido origens históricas distintas. No Brasil, a Reforma Sanitária que se iniciou na década de setenta, abriu espaço para a atuação do enfermeiro na saúde coletiva, onde, amparado pelo Ministério da Saúde, esse profissional tem espaços para desenvolver autonomia, desvinculando-se do trabalho centrado no médico. Partindo deste histórico, da legislação pertinente e do debate teórico em torno do conceito de autonomia, este trabalho pretende averiguar se esta ocorre na prática. Este cotejamento foi feito a partir de um estudo de caso com as quatro enfermeiras do Programa de Saúde da Família de uma Unidade de Saúde da Família em Londrina, Paraná, que participaram da pesquisa preenchendo um instrumento onde descreveram suas atividades cotidianas em um dia de trabalho, durante quinze dias. Além disso, houve também observação direta da autora dessa pesquisa, que realizou internato, pelo período de três meses, na citada unidade. Ao final, comparamos os dados encontrados com as atribuições de um enfermeiro de PSF, definidas pelo Ministério da Saúde. Concluímos que as profissionais pesquisadas têm ocupado o espaço que lhes é legalmente garantido. Comparamos esses achados com a bibliografia existente sobre o assunto, pra observar se seguem uma tendência ou são casos isolados. Embora os trabalhos sobre essa temática não sejam freqüentes, os dados encontrados sugerem que há um movimento em curso, por parte dos enfermeiros do programa de Saúde da Família, em garantir seus espaços de autonomia e assim reconstruir sua identidade profissional.



Resumo Inglês:

Nursing has been historically established since the dawn of humanity and is related to patient care. However, it was in the 19th century, with Florence Nightingale, that it acquired characteristics of a profession with a scientific basis of knowledge. Florence incorporated into the profession the concepts of selflessness, dedication, moral perfection, asexuality and a strict discipline inspired by military models. This process was parallel to the emergence of hospitals as spaces for healing and studying diseases, which led to the subordination of nursing to medicine, as a continuation of the latter, obstructing the fact that they had distinct historical origins. In Brazil, the Health Reform that began in the 1970s opened space for nurses to work in public health, where, supported by the Ministry of Health, these professionals have spaces to develop autonomy, separating themselves from the work centered on the doctor. Based on this history, the relevant legislation and the theoretical debate surrounding the concept of autonomy, this work aims to determine whether this occurs in practice. This comparison was made based on a case study with four nurses from the Family Health Program of a Family Health Unit in Londrina, Paraná, who participated in the research by filling out an instrument in which they described their daily activities during a fifteen-day workday. In addition, there was also direct observation by the author of this research, who completed an internship for a period of three months at the aforementioned unit. At the end, we compared the data found with the duties of a PSF nurse, as defined by the Ministry of Health. We concluded that the professionals studied have occupied the space that is legally guaranteed to them. We compared these findings with the existing bibliography on the subject, to see if they follow a trend or are isolated cases. Although studies on this topic are not frequent, the data found suggest that there is an ongoing movement on the part of nurses in the Family Health Program to guarantee their spaces of autonomy and thus rebuild their professional identity.