O presente artigo tem por objetivo discutir a experiência de trabalho de mulheres atletas de futebol, considerando os aspectos psicossociais no/do trabalho e a abordagem interseccional de marcadores sociais da diferença. Partindo da perspectiva da pesquisa cartográfica em diálogo com os estudos de gêneros, o material analisado é proveniente das entrevistas realizadas com duas atletas da equipe principal de um tradicional clube do futebol de mulheres no cenário nacional. Constatamos que o gênero não opera isoladamente na experiência do jogo-trabalho dessas mulheres. Ele se entrelaça a componentes raciais, de orientação sexual e de classe. Tais aspectos psicossociais, por vezes, são desconsiderados, silenciados ou omitidos, podendo dar margem a emergência de um discurso culpabilizador e individualizante na significação dos efeitos que as relações e organização do trabalho provocam sobre saúde mental das atletas.