O uso de plantas para fins abortivos é frequente no Brasil, embora seja prática proibida por lei. O presente trabalho é uma revisão bibliográfica sobre as espécies registradas como abortivas no nordeste brasileiro. Para o desenvolvimento da pesquisa realizou-se um levantamento de artigos sobre o tema e utilizou-se como palavras-chave os seguintes termos: “plantas abortivas”, abortivas, aborto. Foram pesquisados trabalhos sobre etnobotânica, produções que tratavam sobre aborto, bem como o uso de plantas para este fim. Após a seleção dos artigos, dados de 35 trabalhos foram usados nesta revisão. O conhecimento sobre o uso dessas espécies é oriundo de benzedeiros, feirantes, donas de casa, estudantes e gestantes, com idade variando entre 13 e 96 anos. As motivações citadas para a prática do aborto foram: presença de outros filhos, ausência de companheiros, financeiro e questões religiosas, embora as religiões comentadas, evangélica e católica, condenem a prática. De um total de 79 plantas, as mais apontadas foram: Luffa operculata e Coutarea hexandra (citada oito vezes), Aspidosperma pyrifolium (citada seis vezes), Manihot cf. dichotoma e Peumus boldus (citada cinco vezes) e, Anadenanthera colubrina (citada quatro vezes). De modo geral, as mulheres utilizam as plantas sem o entendimento que, embora sejam naturais, apresentam propriedades que podem levar à morte, tanto que algumas usam tais espécies sem o objetivo de abortar, mas para diminuir ansiedade e combater desconfortos digestivos, desconsiderando suas contraindicações de uso. Algumas delas citaram, ainda, a utilização de artifícios na prática de “aborto” sem que estivessem de fato grávidas. Sendo assim, é importante que campanhas sejam realizadas para maior compreensão sobre o uso de plantas medicinais e seus efeitos colaterais, seja para grávidas, seja para a população em geral.