Um dos grandes “choques†linguÃsticos entre falantes do PE (português europeu) e PB (português brasileiro) – para além das diferenças fonéticas e lexicais – é a maneira como cada variedade combina seus lexemas na formação de sintagmas verbais. Há uma tendência, nas lÃnguas naturais, de fazer com que – a partir dessas combinações e da sua freqüência de uso –essas adquiram certo grau de fixidez, tanto sintática como semântica. Isso explica como é possÃvel que um determinado domÃnio cognitivo possa ser verbalizado por uma combinação especÃfica de itens lexicais em uma variedade e que essa mesma sequência seja agramatical em outra,mostrando que traços semânticos podem ser ativados ou permanecer latentes, a depender das necessidades comunicativas de cada comunidade linguÃstica. Partindo de um verbo especÃfico como “meterâ€, observaremos como o PB e o PE utilizam o mesmo verbo para denominar domÃnios semânticos diferentes, mostrando que a combinação semântico-sintática do verbo com seus complementos apontam não só para uma diferença cultural, mas para uma distinção mais profunda, de natureza cognitiva, tanto na peculiaridade do recorte que cada um faz do mundo como na maneira de categorizar as informações dele extraÃdas.