Evocando conceitos de Nicolas Bourriaud (2006, 2007), CecÃlia Salles (2006, 2010) e Bruno Latour (2005, 2008), esse artigo busca promover um enfoque midiático sobre o trabalho artÃstico. De acordo com essa abordagem, a obra não estaria contida em um objeto ou processo singular, nem dependeria unicamente do gesto criador do artista, mas existiria sempre em desenvolvimento, distribuÃda por um ator-rede que inclui outras pessoas, objetos e processos. Procurarei destacar esse modo de existência chamando atenção para a maneira como a Fonte (1917), de Marcel Duchamp, estabelece um projeto expositivo. Presumindo as várias negociações (criativas e institucionais) por trás dessa obra, me interessa demonstrar como as práticas curatoriais podem desempenhar uma função preponderante na topografia das redes de criação, uma vez que criam as condições de publicidade que tornam o trabalho artÃstico apreensÃvel.