Em paralelo com a ideia comum de uma “Igreja sob cerco” no sec. XIX, nota-se a presença de dinamismos e criatividade em seu seio. Apresentamos algo da apologética católica da época, que então apresentava uma face mais liberal, acentuando os desenvolvimentos da ciência e os fatos que ela fornece de forma segura, e outra face que dá destaque à parte doutrinal e misteriosa do Cristianismo. Começamos com a figura de Lamennais e seus discípulos. Eles criticavam as formas de certeza do raciocínio humano baseadas no sujeito pensante, exigindo assim um critério de autoridade representado, por exemplo, pela palavra do Papa e pela razão geral – toda ciência verdadeira seria “católica”. Com o transcorrer do século, outras correntes apresentaram algo diferente. A “ciência católica” era apresentada agora ao lado de outras, implicando em uma ciência “verdadeira” e outra “falsa”, sendo a primeira constituída por verdades comprovadas e, portanto, compatíveis com a fé católica. Uma terceira corrente destacava autonomia entre ciência e fé, como em Providentissimus Deus §42. Também se mostra como essa tensão entre correntes ocorre em diversas enciclopédias francesas da época, assim como as controvérsias que ocorriam em outros países, como Alemanha e Inglaterra.
In parallel with the common idea of a “Church under siege” in the sec. XIX, the presence of dynamism and creativity in its interior is noted. We present something of the Catholic apologetics of the time, which then had one more liberal face, accentuating the developments of science and the facts that it provides in a sure way, and another face that highlights the doctrinal and mysterious part of Christianity. We start with the figure of Lamennais and his disciples. They criticized the forms of certainty of human reasoning based on the thinking subject, thus demanding a criterion of authority represented, for example, by the Pope’s word and general reason – all true science would be “Catholic”. As the century progressed, other currents showed something different. “Catholic science” was now presented alongside others, implying a “true” science and a “false” science, the former consisting of proven truths and therefore compatible with the Catholic faith. A third current highlighted autonomy between science and faith, as in Providentissimus Deus §42. It also shows how this tension between currents occurs in several French encyclopedias of the time, as well as the controversies that occurred in other countries, such as Germany and England.