Os palestinos vivem sob ocupação militar israelense há mais de cinquenta anos. “Ocupação”, em um “dicionário da soberania”, significa violações: transferências forçadas, demolições de moradia, cotidiano militarizado, cidades isoladas e cercadas, população privada de acesso a água, saúde, educação. Quando o esmagamento social se torna uma sombra constante, a manutenção de um mínimo cotidiano é um gesto de resistência. Convivendo por três meses com comunidades beduínas nos Territórios Ocupados da Palestina, não foi difícil (e foi difícil!) registrar momentos de angústia e leveza, formando o tecido de uma estranha rotina, uma existência onde cada fala, cada aula, cada chá, cada ovelha criada, cada bandeira agitada, pode vir a ser a abertura ou o fechamento para novos possíveis.