Situado no contexto das ocupações estudantis – que marcaram o cenário político brasileiro desde o fim do ano de 2015, chegando nas escolas fluminenses no início de 2016 – este trabalho tem como objetivo relatar e refletir sobre processo de surgimento do movimento de ocupação estudantil nesta escola e a sua articulação política com os demais atores da comunidade escolar, seus dilemas e conflitos, a experimentação política de gestão escolar dos estudantes secundaristas através da ocupação, as suas inserções nos espaços políticos, assim como os exercícios democráticos construídos na ocupação da escola e seus desdobramentos posteriores. Para isso foram utilizados relatos de quatro estudantes sobre o processo de ocupação, as suas demandas por participação política, as demandas específicas a respeito de gênero e sexualidade na escola, a experiência de representação estudantil e organização do espaço escolar, além das resistências internas (desmovimento “Desocupa”) e as conquistas. Buscamos também tratar dos processos políticos que precederam o surgimento do movimento de ocupação na escola, os limites da democracia no espaço escolar e as transformações a partir do processo de ocupação protagonizado pelos estudantes. Este artigo é fruto de um exercício coletivo, construído por alunos de séries variadas, que participaram da primeira experiência de ocupação estudantil no estado do Rio de Janeiro, em conjunto com uma das suas professoras, respeitando a linguagem livre e as escolhas argumentativas feitas pelos estudantes.