Repetidamente, a cartografia tem sido apresentada como uma disciplina
técnica, fato que embora verdadeiro, não pode omitir uma outra verdade: a de
que os mapas constituem imagens cuja construção envolve influentes injunções
culturais e polÃticas. Enquanto tal essa matriz se reflete na interpretação dos
espaços representativos de grupos, povos e culturas que se inserem num regime de
estereotipias negativas junto ao pensamento ocidental. Em especial, essa assertiva
é verdadeira para o continente africano. O texto que segue, avalia essa nuança com
base na comparação de duas representações cartográficas do Império Almorávida:
uma delas presente num Atlas escolar brasileiro e outra, procedente de um livro
didático africano. As diferentes noções que secundam as duas imagens constituem
um dos muitos demonstrativos do quanto a cartografia pode trabalhar regimes de
sentido vinculados a formas dessimétricas que transitam em meio a diferentes grupos,
refletindo paradigmas opostos e discrepantes entre si.