O artigo oferece uma interpretação do conceito adorniano de carência, foco do primeiro capítulo da primeira parte da Dialética Negativa. Pretende provar a centralidade desse conceito para a compreensão, não só da crítica de Adorno à ontologia fundamental heideggeriana, mas também, da sua noção de crítica imanente em geral. Para alcançar esse objetivo, o artigo reconstrói o tratamento do conceito de carência em Kant, Hegel e no jovem Marx, indicando como esse tratamento viria a exercer influência em Adorno. Em seguida, mostra-se como tal conceito é atualizado por ele a partir do diagnóstico de tempo do capitalismo tardio, e quais as consequências dessa reconfiguração para a formulação de uma dialética negativa.