O artigo mostra o surgimento da oposição entre música caipira e música sertaneja baseado na ideia de que um representaria a autenticidade do campo brasileiro e outro sua degeneração. Esta cruzada simbólica deveu-se muito a parte da academia de diversos matizes. Uniram-se nesta empreitada folcloristas, marxistas e também teóricos do populismo, cujas obras são analisadas. A partir de veredictos críticos da cultura de massa e da indústria cultural, houve entre os acadêmicos de diversas origens um frequente desprezo em relação à música sertaneja e seu público, o que distanciou grande parte dos acadêmicos da compreensão deste chamado “Brasil profundo” e demarcou a identidade e distinção destes intelectuais.
This article shows how the idea of purity and authenticity in rural genres was created in the academy in the 1950s and spread until today. Marxists, folklorists, and populism theorists united themselves in order to classify música sertaneja as a non-authentic musical genre. On the other hand they suggested that música caipira was the authentic representation of the Brazilian peasant, who supposedly suffered from the expansion of the capitalism in the rural areas. This analyses often underestimate how Brazilian peasant felt about the modernization of the country.