A linguagem sempre foi tema de destaque nos estudos científico-filosóficos, ajudando a explicar como o homem se relaciona com o mundo, interage com seus semelhantes e de que maneira se particulariza das demais espécies. Com o surgimento da Linguística, no início do século XX, a partir da publicação da obra póstuma “Curso de linguística geral”, de Ferdinand de Saussusure, em 1916, as questões referentes a este tema ganharam um novo status, passando a ser explicadas por meio de referenciais teórico-metodológicos próprios. Os estudos sobre a linguagem também passaram a atender a objetivos exclusivos a ela mesma, não servindo apenas para explicar questões indiretamente ligadas a ela, como o estudo de civilizações passadas, a elucidação de textos antigos ou o tratamento de questões filosóficas que envolvam a relação homem-linguagem-coisa/mundo. Outra alteração com relação ao tratamento da linguagem provocada pela Linguística corresponde ao caráter descritivo com que os fatos da língua passaram a ser analisados. A postura prescritiva/normativa diante da língua passa, então, a ser substituída por um olhar neutro e objetivo sobre os fenômenos linguísticos, requisitos do trabalho com qualquer ciência. Nessa nova direção, o ensino, a partir dos documentos oficiais de educação, passa a se atualizar por essas novas orientações e a se reinventar na educação em língua materna. Diante desse propósito, este ensaio vem problematizar como os temas de oralidade e escrita podem ser abordados em sala de aula, sobretudo na perspectiva dos multiletramentos, a partir das contribuições da Linguística a respeito desses temas.