Este artigo propõe uma revisão teórica sobre a orientação social-política da palavra, partindo da tese de que nenhum discurso é neutro (BAKHTIN, 1995) e que, portanto, todo discurso é social-político e ideologicamente localizado. Para tanto, nos ancoramos em dois textos fundamentais para os estudos linguísticos e discursivos: Bakhtin (1995) e Volochínov (2013), para traçar um paralelo comparativo sobre o modo pelo qual estes dois autores concebem a orientação social-política da palavra. Para fins de aplicação analítica, buscamos aproximar esta revisão teórica do projeto Escola sem Partido, proposta de natureza política que busca limitar a liberdade de ensinar, e obstruir o pensamento crítico e reflexivo. Como resultado de nossas análises, enfatizamos que: a) Bakhtin (1995) e Volochínov (2013) concebem a linguagem como signo ideológico, ou seja, é na palavra que exprimimos as nossas vivências e o modo pelo qual lemos o mundo e b) sinalizamos para a incoerência do Escola sem Partido pela inexistência de um discurso neutro, pois o próprio projeto em questão é um exemplo ideológico e político de como os professores devem se portar em sala de aula. Por fim, como conclusões, argumentamos que o Escola sem Partido é um projeto político, dado que nenhum discurso é neutro e que os princípios propagados por este movimento ferem a autonomia docente e criminalizam o pensamento reflexivo e crítico em sala de aula.