A humanização dos animais, especialmente aqueles de estimação, é tema corrente em nossos dias. Ela é motivo de reportagens, debates envolvendo economistas, psicólogos, juristas, médicos, religiosos, filósofos ou antropólogos, como também o é para a expansão de mercados, para investimentos polÃticos
ou para inspiração artÃstica. Mas como é produzida a humanidade desses animais? Quando ou até onde eles são humanos? O objetivo deste trabalho é o de fazer aparecerem essas negociações e limites,
a partir da análise de um caso de diagnóstico e tratamento de depressão atribuÃdo a uma cachorra. Sustenta-se aqui que o que tratamos por humanização dos animais não se nutre simplesmente
da equivalência de elementos culturais como os nomes humanos, as roupas, os cuidados, viverem nos mesmos lares ou motivarem discussões sobre alguns direitos e moralidades. Além do mais, ela se
nutre, igualmente, daqueles elementos que imputamos ao domÃnio da natureza,como alguns instintos que precisam ser modulados ou uma biologia equivalente que permite o diagnóstico de problemas orgânicos e a sua medicalização.