No presente artigo exponho dados de uma etnografia que estou realizando
em um terreiro umbandista do interior do Rio Grande do Sul desde 2012. Observando
diferentes formas de apreensão da depressão através dos dados obtidos no trabalho de
campo, percebo que a inserção dos médiuns ocorre por um desencontro entre espírito e
corpo. Nos casos dos médiuns do terreiro chama-se “desajuste mediúnico”. Desse modo,
inicio uma reflexão quanto à possível apreensão da dimensão terapêutica da umbanda
na medida em que o grupo busca tratar a depressão através da “incorporação”, que
proporciona uma transformação no comportamento. Tal metamorfose se dá gradual-
mente, perpassa as noções de “aceitação” e “firmeza”, levando os médiuns a articularem
os duplos dentro/fora, eu/outro, a partir da participação contínua no terreiro e das
experiências na incorporação, por onde o espiritual e o material transitam/fluem.
In this paper I aim to expose datas from an ethnography realized since 2012
in a centre of umbanda localized in the interior of the state of Rio Grande do Sul. Obser-
ving the different forms of apprehension of depression I collected there, I understood that
the inclusion of the mediums is done by a discord between body and soul, that they call
“desajustemediúnico”(medium misadjustment). Then I begin a reflection regarding to a
possible apprehension of the therapeutic dimension of umbanda in as much as the group
intend to treat the depression through the “incorporação” (incorporation), which provides a
behaviour transformation. This metamorphosis is gradually done, pervaded by the notions of
“aceitação” and “firmeza” (acceptation and firmness) and leading the mediums to articulate
the double-binds dentro/fora (inside/outside), eu/outro (I/other), from a continuing partici-
pation in the terreiro and from the incorporation experiences, through which the spiritual
and the material transit and flow.