Os países latino-americanos enfrentaram profundas transformações sociais e demográficas nos últimos vinte anos, com a incorporação massiva das mulheres no trabalho remunerado, transformações no escopo da família nuclear e o envelhecimento de sua população. Essas transformações geram dilemas associados à relação entre o trabalho remunerado e não remunerado e à “crise do cuidado”. Se houve uma renovação da agenda social entre o início do século e meados da sua segunda década, na América Latina, quais foram as percepções e respostas dos Estados a estas transformações? A partir do aporte da literatura sobre Estados de Bem-Estar Social, suas críticas feministas e adequações para pensar o contexto regional, serão analisados os planos nacionais de igualdade de gênero, com o objetivo de averiguar se e como os governos consideraram, valoraram e propuseram soluções para essas transformações. Conclui-se que para que os sistemas de bem-estar latino-americanos desafiem as desigualdades de gênero é necessário efetivar e fortalecer a participação do Estado na produção do viver.