Buscamos reler, aqui, o debate entre Piaget e Chomsky não como a passagem de uma teoria antiga a uma atual, mas como a nova iteração de uma querela filosófica que constituiu o motor das reflexões epistemológicas e metafísicas por séculos. Não há motivos, no entanto, para que essa oposição não possa ser deixada para trás. O conceito de languaging, inscrito no paradigma da enação, nos coloca nessa via, corrigindo a abstração demasiada da compreensão tradicional da linguagem. A essência da linguagem não é nem a gramática, nem a imitação, é a comunicação e a coordenação. Para além das teorias da linguagem e da aprendizagem, o que a introdução de uma dimensão essencialmente relacional na reflexão filosófica desenha é a possibilidade de uma síntese entre o internalismo e o externalismo.
We will try to establish that the Piaget/Chomsky debate must not be read as the gateway from an old theory to a new one but as the last iteration of a philosophical quarrel, which fueled epistemological and metaphysical reflexion for centuries. There is no reason to believe, however, that this opposition cannot be overcome. The concept of languaging, which is rooted in the enaction paradigm, seems to set us on that track by purging our understanding of language of its excessive abstraction. The essence of language is not grammar or imitation, it is rather communication and coordination. Beyond language and learning theories, this philosophical step towards a fundamentally relational type of thinking foreshadows a possible synthesis of internalism and externalism.