Este artigo se propõe a apresentar alguns dos modelos teóricos dos determinantes do processo saúde-doença, com ênfase no da proposta de Dahlgren & Whitehead (1991) que enfatiza a intersetorialidade e a participação social como fundamentais para o êxito de uma política social de saúde. Ao mesmo tempo, este artigo realiza uma análise das possibilidades e dos limites do Projeto Família Saudável - uma iniciativa da Faculdade de Medicina de Campos - como uma estratégia possível de intervenção sobre os determinantes sociais da saúde. Embora seja abordado como um estudo de caso, as reflexões apresentadas possuem um cunho de universalização possível para outros projetos de atenção básica de saúde que, como o Projeto Família Saudável, são norteados pela Estratégia Saúde da Família (ESF). A ESF é uma política pública de saúde do Governo Federal. Segundo dados do Governo Federal, até o ano de 2007 havia um total de 27.324 equipes de Saúde da Família implantadas em 5.125 municípios, cobrindo 46,6% da população brasileira, o que correspondia a cerca de 87,7 milhões de pessoas (Ministério da Saúde, 2009). Estes dados demonstram a relevância desta Estratégia como uma política pública. A reflexão aqui apresentada também se impõe devido a o município de Campos dos Goytacazes ser um dos poucos que não tem, em sua política de saúde pública, a Estratégia Saúde da Família e estar em vias de nova implementação, como publicizado pelo governo municipal. Cabe considerar, também, que a apresentação dos diversos modelos explicativos poderá contribuir para o entendimento do arcabouço teórico dos determinantes do processo saúde-doença que norteia a relação das propostas das intervenções em saúde e as políticas de saúde que as amparam.
This article aims to present some of the theoretical models of determinants in health-disease processes, with emphasis on Dahlgren & Whitehead’s proposal (1991) which emphasizes intersectoriality and social participation as fundamental to the success of a social policy for health. The paper also presents an analysis of the possibilities and limits of the Healthy Family Project – an initiative of the Medical School of Campos, RJ – as a possible strategy for intervening on social determinants of health. Although approached as a case study, it presents possible solutions for other health care projects oriented by the Family Health Strategy (FHS), a Federal Government health policy. According to data from the Federal Government, by the year 2007 there were a total of 27 324 family health teams in 5125 municipalities, covering 46.6% of the population – about 87.7 million people (Ministry of Health, 2009). These data demonstrate the relevance of this strategy as a public policy. The discussion presented here is also relevant due to the fact that Campos dos Goytacazes, RJ, is one of the few municipalities with no public health policy, and also because the Family Health Strategy is being reviewed and implemented as publicized local officials. The presentation of the various explanatory models may contribute to the understanding of the theoretical determinants in health-disease processes guide proposals of health interventions and policies that support them.