Entrevistas médicas em instituições psiquiátricas têm por função determinar o diagnóstico de doenças mentais. Ao fazer o diagnóstico, aquilo que é dito pelos pacientes é decodificado como sintomas em referência a um quadro de classificação de doenças. Em princÃpio, deveria haver um acordo implÃcito de cooperação na interação, a fim de que os médicos pudessem reconhecer os sintomas a partir das informações dadas pelos pacientes e não a partir de um processo autônomo de interpretação de sintomas que estão previstos para cada tipo de doença mental. Como os psicóticos dificilmente têm queixas sobre as doenças mentais procuradas, mas situam seus sofrimentos em causas externas, eles não são cooperativos. Seus discursos não são efetivamente respostas ao que lhe é indagado. Eles violam, assim, o princÃpio de cooperação porque seus discursos frustram as expectativas dos médicos em obterem informações sobre a doença.