Alijado do cânone literário do século XIX, José do Patrocínio só é lembrado devido a sua condição de filho de escrava e seu fervor abolicionista. Este artigo visa lançar luz sobre a produção jornalística e literária do escritor, notadamente sobre a sua participação como escritor do Folhetim da Gazeta de Notícias, com as cartas enviadas do Ceará, durante o período de maio a agosto de 1878. As cartas, denominadas pelo autor de “Viagem ao Norte”, são o relato sobre as consequências de um ano de seca, com a qual convivia a província do Ceará e que, mais tarde, foram transformados no romance, Os retirantes, também publicado no espaço Folhetim do mesmo jornal. Propomos demonstrar como a carta, mesmo com critérios de objetividade possui elementos característicos da linguagem figurada, que viriam a se acentuar no romance. Analisamos o processo de transformação de um suporte ao outro – jornal para livro – e de um gênero para outro – carta para romance –, na tentativa de demonstrar a afirmação de D.F Mckenzie, segundo a qual os gêneros novos nascem ou se transformam pela exigência dos novos leitores e das formas tipográficas que lhes informam.