Arthur Omar é um cineasta e artista visual atuante desde os anos 1970 até hoje. Nos anos 1970-80, caracterizou-se por fazer um cinema cuja inventividade de linguagem pode, sem muito esforço, ser discutida nos termos de uma violência poética. Em seus filmes, enfatizava uma multiplicidade de aspectos da realidade articulados de forma complexa e sem obviedade. Ao longo da década de 1980 realizou, entre outras obras, os filmes O Som ou tratado da harmonia (1984), O Inspetor (1987) e Ressurreição (1988), que serão aqui discutidos. Neles, além dos desdobramentos da poética violenta característica de suas primeiras obras, a violência enquanto fenômeno social também se torna assunto relevante. O presente texto pretende discutir esses três filmes enquanto uma “teoria da violência” proposta por Arthur Omar em suas obras, e situá-los em meio aos debates estéticos e políticos do seu tempo de produção. O artigo resulta de estudos feitos nos últimos anos sobre os filmes de Omar, e também sobre as relações entre cinema e violência. O método utilizado articula a análise fílmica às discussões acadêmicas e culturais do contexto em que as obras de Omar foram produzidas.
Arthur Omar is a filmmaker and a visual artist who has been working from the 1970s to today. Throughout the 1970s and 1980s, Omar made experimental films that can be discussed in regard to their poetic violence. In his films, the filmmaker emphasized multiple features of reality, and articulated them in a complex, not obvious way. Throughout the 1980s, Omar made, among others, the films O Som ou tratado da harmonia (1984), O Inspetor (1987) and Ressurreição (1988), which will be analyzed in this paper. In these films, the poetic violence of his early works will be regarded, as well as the violence as a social phenomenon. This paper intends to discuss these three films as if they proposed a "theory of violence" and situate them before the aesthetic and political debates of their context of production.