Os Gêneros Orais em Sala de Aula: Uma Proposta Pedagógica para Além da Comunicação Privada

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ISSN: 1809-2667
Editor Chefe: Inez Barcellos de Andrade
Início Publicação: 01/10/1997
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Serviço social, Área de Estudo: Multidisciplinar

Os Gêneros Orais em Sala de Aula: Uma Proposta Pedagógica para Além da Comunicação Privada

Ano: 2015 | Volume: 17 | Número: 3
Autores: Fernando Alves de Oliveira
Autor Correspondente: Fernando Alves de Oliveira | [email protected]

Palavras-chave: Oralidade, Debate de Opinião, Gêneros Orais Formais

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente trabalho trata de uma investigação, de caráter intervencionista e aplicada, envolvendo gêneros orais formais, que culminou na realização de um debate de opinião com alunos do 9º ano de uma escola estadual de João Pessoa (PB) sobre o tema “Maconha: Manter Proibição ou Descriminalizar?”. Partimos do pressuposto de que a oralidade, principalmente em situações formais, é esquecida pela escola, o que compromete a formação integral de estudantes de Língua Portuguesa e, por isso, deve ser incentivada em sala de aula. O principal objetivo do procedimento foi instrumentalizar os estudantes para a produção competente e crítica de textos orais, especialmente na modalidade formal, ensinando-os a usar a língua, de forma adequada, em todos os contextos. Como parâmetro de intervenção, nos baseamos (com adaptações) no modelo de sequência didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), levando em conta estratégias que permitissem aos estudantes compreender e produzir textos adequados ao gênero em questão, considerando seu estilo, conteúdo temático e estrutura composicional (BAKHTIN, 1997) e ainda tivessem desenvolvidas suas capacidades argumentativas. Como aporte teórico, recorremos a Antunes (2003), Reyzábal (1999), Koch (2011) e Marcuschi (1997, 2007, 2010), que nos subsidiaram no entendimento sobre oralidade, leitura, escrita, gêneros orais e debate. Além de Preti (2004) e Ramos (1997), que contribuíram no estudo do registro linguístico e gêneros orais formais e Ribeiro (2009); Fiorin (2015) e Leitão (2011), que tratam dos conceitos de argumentação, contra-argumentação e recursos argumentativos. Nossa análise tomou por base a comparação entre a primeira produção (cujo tema foi homofobia) e a última, considerado o trabalho desenvolvido durante os módulos. Foi possível detectar avanços como a caracterização, pelos alunos, do gênero debate de opinião, a partir da articulação de seus três elementos constituintes e a formulação de pontos de vista linguística, semântica e argumentativamente articulados, com o uso de recursos como a exemplificação, a exposição de fatos e a transitividade. Ao final, apresentamos uma sugestão de sequência didática sobre o gênero debate de opinião, baseada em nossa prática de sala de aula.



Resumo Inglês:

Orality is forgotten by the school as a legitimate form of language and work strategy with the language. Still predominate in school practices related to writing, a reminiscence of the pedagogical tradition that spread, among others, the false idea that, because most of them are related to daily practices and reflect the ability to speak, we have acquired from an early age, oral genres don’t need to be studied. It is observed that, when teachers work with these genres, they do not focus their evaluation on characteristics of the orality in the texts produced. The direction is only for exhibition content, without take into account the linguistic and contextual adjustments that the speaker should do, according to the formality of situation inherent to that act of communication. In many cases, when students speak in class, they are not encouraged to reflect on that linguistic usage, need that demonstrates the inconsistency of the work done by many teachers. It is clear, however, that it is up to school provide tools to speakers to fulfill the oral communicative demands of day-to-day, especially in formal contexts, that go beyond the limits of private communication (chat, exchange ideas, explanation to the neighboring colleague). Oral competence of use of the Portuguese should be developed from the period of literacy, when children need to distinguish between what they already know and use in terms of language and the systematization of linguistic work that the school should provide. From this perspective, opinion debate, as a legitimate social practice, embodied in actual use situations of language, permeated by discursive formulations of all sorts and raises the collective production of oral texts, is a genre that promotes the teaching and learning of orality in formal mode. Privileges also argumentative skills in the discursive perspective, because mobilizes development structures of arguments related to the form of construction of sentences, choice of linguistic mechanisms, theme development strategies, among others. This research, exploratory and qualitative, with direct intervention in the classroom reality, was materialized by performing an Opinion Debate (DOLZ; SCHNEWULY; PIETRO 2004) in a class of 9th grade of a state school in João Pessoa (PB). The event was preceded by a set of activities involving oral genres, based on the didactic sequence model proposed by Dolz, Noverraz and Schneuwly (2004), which culminated in a debate with the theme "Marijuana: Keep Prohibitions or Decriminalize" . With the intervention in the classroom, we believe we have contributed for students to understand and could produce texts appropriate to the genre in question, considering its style, subject content and compositional structure (Bakhtin, 1997), and also had developed his argumentative skills.