Detectamos uma carência de pesquisas específicas sobre o funcionamento dos hotéis do programa De Braços Abertos (DBA). Iniciativa do município de São Paulo, entre os anos de 2014 e 2016, que previa o acolhimento dos beneficiários nestes novos equipamentos. Assim, propomos uma pesquisa que descrevesse as principais características deste novo tipo de convivência criada no ambiente proporcionado pelos hotéis, alguns localizados nas franjas da região conhecida como Cracolândia. Através de uma etnografia, com a construção de relações próximas com técnicos da equipe gestora dos hotéis, pudemos verificar: (1) a busca constante da construção de vínculos com os beneficiários por parte dos técnicos, (2) a escuta qualificada e interessada das demandas e dramas cotidianos, e (3) a resolução de problemas em um ambiente contratual e participativo. O novo contexto proporcionado pelos hotéis do DBA, diverso ao da rua, juntamente com a intervenção dos profissionais abriu, em muitos casos, caminho para que a relação com o consumo do crack fosse alterada para um padrão mais controlado.