Os novos manicômios a céu aberto: cidade, racismo e loucura

Em Pauta

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ISSN: 2238-3786
Editor Chefe: Carla Cristina Lima de Almeida
Início Publicação: 31/10/1993
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Serviço social

Os novos manicômios a céu aberto: cidade, racismo e loucura

Ano: 2020 | Volume: 18 | Número: 45
Autores: Elizete Maria Menegat, Marco José de Oliveira Duarte, Vanessa de Fátima Ferreira
Autor Correspondente: Elizete Maria Menegat | [email protected]

Palavras-chave: cidade; racismo; loucura; capitalismo; raça negra; city; racism; madness; capitalism; black ethnicity.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O objetivo deste trabalho é discutir a indissociável transversalidade de certos fatores que configuram o perfil do louco na atualidade. Nesse sentido, consideramos, primeiramente, a cidade e os processos de urbanização conduzidos pelo moderno sistema capitalista como quadro socioespacial no qual a miséria e a loucura em massa emergiram e se estruturaram como fenômenos permanentes. Nas periferias, tais como o Brasil, que foram colonizadas pelo sistema capitalista mundial com base na escravidão da força de trabalho africana, a loucura persistiu, em todas as épocas, como doença dos pobres e negros. Na atualidade, quando a taxa de urbanização brasileira aproxima-se de 90% e coincide com a crise estrutural do sistema, observamos que a loucura tem maior incidência nos negros, os quais se encontram majoritariamente concentrados nas densas periferias das cidades, com os piores indicadores de habitação, emprego, renda, escolaridade e submetidos a toda sorte de violência.



Resumo Inglês:

The aim of this paper is to discuss the inseparable transversality of certain factors that shape the madperson’s profile today. In this sense, we first consider the city and the urbanization processes led by the modern capitalist system as the socio-spatial framework in which misery and madness emerged en masse as permanent phenomena. In periphery countries, such as Brazil, which were colonized by the world capitalist system based on the slavery of the African workforce, madness persisted throughout the ages as a disease of the black and poor. At present, when the Brazilian urbanization rate approaches 90% and coincides with the structural crisis of the system, we observe that blacks are mostly concentrated in the dense peripheries of cities, with the worst indicators of housing, employment, income, education, and mental health.