Os pronomes clíticos nos testemunhos da ‘Crónica do Xarife Mulei Mahamet e del-Rey D. Sebatião’ – Um estudo comparativo

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ISSN: 23596910
Editor Chefe: Leonardo Lennertz Marcotulio
Início Publicação: 28/02/2015
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar

Os pronomes clíticos nos testemunhos da ‘Crónica do Xarife Mulei Mahamet e del-Rey D. Sebatião’ – Um estudo comparativo

Ano: 2019 | Volume: 5 | Número: 1
Autores: Elena Lombardo
Autor Correspondente: Elena Lombardo | [email protected]

Palavras-chave: Crónicas portuguesas. Português Clássico. Ênclise/próclise. Interpolação. Crítica Textual.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste artigo apresento os resultados de um estudo comparativo da colocação dos pronomes clíticos presentes nos testemunhos de uma crónica quinhentista sobre D. Sebastião – a Crónica do Xarife Mulei Mahamet e del-Rey D. Sebastião – com vista a compreender melhor as vicissitudes da sua transmissão manuscrita. Conhecem-se atualmente três testemunhos deste texto. O Mss. 2422 da Biblioteca Nacional de Espanha e o COD. 13282 da Biblioteca Nacional de Portugal, ambos catalogados como sendo do século XVII e similares em termos de organização estrutural, diferem profundamente do CIII/1-14 da Biblioteca Pública de Évora, datado do século XVIII. O testemunho eborense afasta-se deles a tal ponto que se torna possível afirmar que se trata de versões diferentes de um mesmo texto. A pergunta que se coloca, portanto, é se seria a versão reportada pelos testemunhos madrileno e lisboeta (o Sumario) a versão inicial e a Historia (versão do testemunho eborense) uma reescrita e desenvolvimento dela por um cronista/copista posterior, ou se se trataria justamente do contrário – o texto transmitido pelo manuscrito eborense sendo a primeira versão e o Sumario um resumo desta. Para fazer luz sobre esta questão, analisei dois fenómenos relativos à colocação pronominal cuja evolução histórica, de acordo com autores como Martins (1994, 2008 e 2016, entre outros), Magro (2007), Galves, Britto e Paixão de Sousa (2005) e Namiuti (2008), apresenta um ponto de inflexão nos séculos XVI-XVIII – a variação entre ênclise e próclise e a realização de interpolação de constituintes entre o clítico e o verbo. Apesar de não ter fornecido resultados totalmente inquestionáveis a favor de uma ou outra hipótese, as análises demonstraram que alguns trechos da Historia inexistentes nos demais testemunhos apresentam traços linguísticos mais próximos do português quinhentista. Assim sendo, parece provável que a versão reportada neste testemunho não tenha sido redigida no século XVIII.



Resumo Inglês:

In this paper, I present the results of a comparative study of clitic pronouns placement in a sixteenth-century chronicle about D. Sebastian of Portugal – Crónica do Xarife Mulei Mahamet e del-Rey D. Sebastião – in order to understand the vicissitudes of its manuscript transmission better. Three manuscripts of that chronicle are currently known. Namely, the Mss. 2422 of the National Library of Spain (BNE), the COD. 13282 of the National Library of Portugal (BNP), and the CIII/1-14 of Évora Public Library (BPE). The first two manuscripts are both from the 17th century and are similar in terms of structural organization, while the third dates from the 18th century and differs from the others so profoundly that they may constitute different versions of the same text. The question is if the manuscripts from BNE and BNP (Sumario) are the initial version and the manuscript from Évora (Historia) a rewriting and development of them by a later chronicler/copyist; or if it is the opposite, being the text transmitted by the BPE manuscript the first version and the Sumario an extract of it. In order to clarify this question, I have analysed two aspects related to pronominal placement which, according to Martins (1994, 2008 and 2016, among others), Magro (2007), Galves, Britto and Paixão de Sousa (2005) and Namiuti (2008), change between the 16th and the 18th centuries. Although it did not provide totally unquestionable results in favour of one hypothesis or another, the analysis of the variation between enclisis and proclisis and the occurrence of interpolation of constituents between the clitic and the verb showed that some excerpts from the Historia which do not exist in the other manuscripts present linguistic traits from the 16th century. Therefore, it seems likely that the version of this manuscript cannot have been written in the 18th century.