OS SENTIDOS DA DROGA

Outros Tempos Pesquisa Em Foco História

Endereço:
Universidade Estadual do Maranhão, Curso de História, Campus Paulo VI, Bairro Tirirical
São Luís / MA
Site: http://www.outrostempos.uema.br
Telefone: (98) 3245-6141
ISSN: 18088031
Editor Chefe: Marcelo Cheche Galves
Início Publicação: 13/04/2004
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

OS SENTIDOS DA DROGA

Ano: 2017 | Volume: 14 | Número: 24
Autores: FRANÇOIS-XAVIER DUDOUET
Autor Correspondente: FRANÇOIS-XAVIER DUDOUET | [email protected]

Palavras-chave: Política de Drogas, Controle Internacional das Drogas, Indústria Farmacêutica

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A “droga” é um fenômeno moderno e universal; entretanto, é difícil atribuir-lhe uma definição precisa. Quando a abordamos através de seus efeitos fisiológicos ou a partir de sua proibição, só acessamos alguns pontos de vista parciais, pois a globalidade do fenômeno em si, continua a nos escapar. A abordagem que propomos aqui consiste em mudar de perspectiva e em pensar a “droga” como um fato social total universal, ou seja, como uma organização social global que distinguiria, para o mundo inteiro, os usos sagrados dos usos profanos. O artigo descreve, primeiramente, a operação mágica pela qual, em nível nacional, os usos lícitos das drogas se tornaram distintos dos usos ilícitos; a seguir, o artigo mostra como essa operação prosseguiu em nível internacional, a fim de edificar uma economia lícita das drogas separada da economia ilícita. Essa dimensão econômica é aprofundada, na terceira parte, com o fim de atualizar a lógica monopolista que organiza os usos sagrados das drogas. A última parte evoca algumas pistas de reflexão para compreender as razões pelas quais a dimensão lícita da “droga” foi, pouco a pouco, totalmente ocultada em benefício de uma leitura exclusivamente proibicionista do fenômeno. Sem dúvida, a crença na proibição da “droga” foi necessária à dissimulação de uma realidade ainda mais inaceitável: a monopolização dos seus usos lícitos.



Resumo Inglês:

The "drug" is a modern and universal phenomenon; however, it is difficult to give it a precise definition. When approached through its physiological effects or from its prohibition, we can only access some partial points of view, since the whole phenomenon itself continues to escape us. The approach proposed here is to change the perspective and to think of "drug" as a universal total social fact, that is, as a global social organization that would distinguish for the whole world the sacred uses from the profane uses. This article first describes the mystical operation by which, at the national level, the lawful uses of drugs have become distinct from illicit uses; the article then shows how this operation proceeded at the international level in order to build a legal drug economy distinct from the illicit drug economy. This economic dimension is deepened in the third part with the purpose of updating the monopolistic logic that organizes the sacred uses of drugs. The latter part proposes some reflections to understand the reasons why the licit dimension of the "drug" was gradually totally hidden in favor of a purely prohibitionist interpretation of the phenomenon. Undoubtedly, the belief in the prohibition of "drug" was necessary for the concealment of an even more unacceptable reality: the monopolization of its lawful uses.



Resumo Espanhol:

La “droga” es un fenómeno moderno y universal; sin embargo, es difícil asignarle una definición exacta. Cuando la abordamos a través de sus efectos fisiológicos o a partir de su prohibición, sólo accedemos a algunos puntos de vista parciales, pues la globalidad del fenómeno en sí continúa escapándonos. El enfoque que proponemos aquí consiste en cambiar de perspectiva y en pensar la “droga” como un hecho social total universal, es decir, como una organización social global que distinguiría, para todo el mundo, los usos sagrados de los usos profanos. El artículo describe, primero, la operación mágica por la cual, a nivel nacional, los usos lícitos de las drogas se han vuelto distintos de los usos ilícitos; a continuación, el artículo presenta cómo esta operación prosiguió a nivel internacional, a fin de edificar una economía lícita de las drogas separada de la economía ilícita. Esta dimensión económica se profundiza, en la tercera parte, con la finalidad de actualizar la lógica monopolista que organiza los usos sagrados de las drogas. La última parte evoca algunas señales de reflexión para comprender las razones por las cuales la dimensión lícita de la “droga” fue, poco a poco, totalmente ocultada en beneficio de una lectura exclusivamente prohibicionista del fenómeno. Sin duda, la creencia en la prohibición de la “droga” fue necesaria para la disimulación de una realidad aún más inaceptable: la monopolización de sus usos lícitos.



Resumo Francês:

Phénomène moderne et universel, la « drogue » peine cependant à recevoir une définition précise. Que l’on essaie de l’approcher par ses effets physiologiques ou par sa prohibition, il semble que nous n’obtenions que des points de vue partiels, alors que la globalité du phénomène continue de nous échapper. La démarche proposée ici consiste à changer de perspective et à envisager la « drogue » comme un fait social total universel, c’est-à-dire comme une organisation sociale globale qui distinguerait, pour l’ensemble de la planète, les usages sacrés et les usages profanes. L’article décrit, dans un premier temps, l’opération magique par laquelle les usages licites des drogues ont été distingués des usages illicites au niveau national, dans un deuxième temps il montre comment cette opération s’est poursuivie au niveau international afin de bâtir une économie licite des drogues séparée de l’économie illicite. Cette dimension économique est approfondie dans la troisième partie, afin de mettre à jour la logique monopoliste qui organise les usages sacrés des drogues. Une dernière partie évoque quelques pistes de réflexion pour voir pourquoi la dimension licite de la « drogue » a, peu à peu, été totalement occultée au profit d’une lecture exclusivement prohibitionniste du phénomène. Sans doute, la croyance en la prohibition de la « drogue » était-elle nécessaire à la dissimulation d’une réalité plus inacceptable encore : la monopolisation des usages licites.