O artigo apresenta um olhar sócio-fiscal sobre os ciclos de confronto político que tiveram lugar no Brasil entre 2013 e 2017, bem como sobre o processo de deposição presidencial ocorrido em 2016, o qual é entendido como signo de ruptura com a ordem constitucional democrática. O texto possui um caráter ensaístico e interpretativo, antes de empírico ou tematicamente focado. A hipótese que se discute, por meio de uma tradução para o Sul Global de conceitos e interpretações provenientes de teorias críticas contemporâneas gestadas na Europa e nos EUA, é de que a lógica política pós-democrática e neoliberal já se manifestava no Brasil durante os governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff, mas teria se tornado mais intensa a partir da deposição da Presidente eleita. O tema é discutido a partir dos vínculos entre política e fiscalidade, na esteira dos estudos relacionados à Nova Sociologia Fiscal.