Este artigo apresenta a discussão crítica do explorador Alexander Von Humboldt quanto ao papel cognitivo das imagens na constituição da moderna Geografia Física. Fá-lo a partir da análise compreensiva de alguns textos seminais deste cientista, bem como de fontes indiretas. O daguerreótipo, a forma fotográfica sobre a qual Humboldt foi convidado a pronunciar-se como especialista da Academia das Ciências francesa, assegurava a vantagem da automatização e do rigor descritivo, mas à custa de introduzir uma profusão de detalhes considerados perturbadores da visão da “massa do Todo”, o fenómeno que Humboldt procurou constituir como objeto de uma nova geografia naturalista, no contexto do pensamento romântico alemão. O nosso objetivo neste artigo é sublinhar a complexidade de discursividades com que se teceu a introdução da fotografia na atividade científica, com reflexos na receção cultural mais geral.
This article presents the critical discussion of explorer Alexander Von Humboldt regarding the cognitive role of images in the constitution of the modern physical geography. It does so through the comprehensive analysis of some seminal texts of this scientist, as well as from indirect sources. The daguerreotype, the photographic form Humboldt was invited to evaluate as a specialist of the French Academy of Sciences, ensured the advantage of automation and descriptive rigor, but at the cost of introducing a profusion of details considered disturbing of the view of “the mass of the Whole”, the phenomenon that Humboldt sought to constitute as the object of a new naturalistic geography in the context of German Romantic thought. Our goal in this article is to emphasize the complexity of discursivities with which the introduction of photography in the scientific activity was woven, with reflexes in the more general cultural reception.