A paixão da causalidade: uma fala em causa?

Revista Latinoamericana De Psicopatologia Fundamental

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ISSN: 14154714
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Início Publicação: 10/03/1998
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Psicologia

A paixão da causalidade: uma fala em causa?

Ano: 1998 | Volume: 1 | Número: 2
Autores: Roland Gori
Autor Correspondente: Manoel Tosta Berlinck | [email protected]

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Resumo Português:

Este artigo coloca a questão de saber de onde provém a necessidade de se buscarem causas psicológicas para o sofrimento e para a doença, transformando o pathos dessas experiências cruciais na busca de uma explicação aceitável pela razão. Partindo de fragmentos clínicos e da análise do texto de Tausk sobre “a gênese do aparelho de influenciar” na esquizofrenia, o trabalho visa explicitar a especificidade da posição psicanalítica em relação às proposições psicológicas (por vezes influenciadas pela própria psicanálise), de caráter explicativo e “compreensivo”, face a esta questão.

Propõe-se que “a tendência causalista em psicanálise constitui uma resistência ao próprio método psicanalítico” e que é exigido do psicanalista um trabalho particular de luto constituindo na renúncia à pretensão aos sentidos estabelecidos de uma vez por todas em benefício de se admitir; a partir do contexto da situação psicanalítica, que podemos “sofrer sem razão” e que nosso pensamento se forma “do encontro de nosso desejo com alguns fragmentos, retos de palavras e fonemas”.

Conclui-se que a necessidade de se encontrar causas psicológicas para o sofrimento decorre da própria experiência originária de aquisição da linguagem, tempo mítico durante o qual um único aparelho de linguagem funcionou para dois corpos, fundador da relação desnaturada do ser humano com seu próprio corpo, para a qual o eu busca – desesperadamente – uma explicação definitiva.