Este artigo tem por objetivo discutir as relações entre pajés e missionários jesuítas a serviço de Portugal e da França na segunda metade do século XVII e primeira do XVIII na fronteira setentrional (atualmente os territórios do Estado do Amapá e da Guiana francesa). As principais fontes utilizadas foram os escritos dos membros da Companhia de Jesus, a saber: a Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão escrita pelo inaciano João Felipe Bettendorff no final do século XVII e uma carta escrita em 1738 do Oiapoque pelo missionário francês Élzear Fauque. A forma de abordagem dessas fontes foi a leitura nas entrelinhas a partir do diálogo entre História e Antropologia. Dessa forma, foi possível compreender as representações que os padres fizeram dos pajés: participantes de revoltas e enganador, mas também como os xamãs agiram em situações assimétricas.