Este artigo mostra como as palavra ‘ethnie’ [etnia] e ‘ethnique’ [étnico(a)] (assim como as prefixadas ‘multi-ethnique’ [multi-étnico(a)], ‘inter-ethnique’ [inter-étnico(a)]...) funcionam no universo discursivo francês contemporâneo como hetero-designantes negativos: elas nomeiam sempre os outros, e negativamente, isto é, enquanto estrangeiros ao sistema político valorizado da cidadania e da relação com um Estado. Uma exploração da trajetória do termo ‘ethnie’ (que substitui ‘race’ [raça], de um jeito percebido como eufemístico) e de suas origens grega e latina (onde o étnico é o estrangeiro à Cidade e depois o pagão) esclarece a constância histórica deste funcionamento.
This article shows how the words “ethnie” and “ethnique” (as well as prefixed expressions such as “multi-ethnique”, “inter-ethnique”, etc.) function in the discursive universe of French as “negative hetero-designators”: they refer always to “others” and do so negatively, i.e. as outsiders to the valorized political system of citizenship and of the relationship to a State. An exploration of the trajectory of the word “ethnie” (which re-places “race” in a way perceived as euphemistic) and of its Greek and Latin origins (where “ethnic” designates the outsider to the city-state, and then the pagan) throws light on the historical consistency of this functioning.
Cet article montre comment les mots ethnie et ethnique (ain-si que les préfixés multi-ethnique, inter-ethnique...) fonctionnent dans l’univers discursif français contemporain comme des hétéro-désignants négatifs : ils nomment toujours les autres, et négativement, c’est-à-dire en tant qu’étrangers au système politique valorisé de la citoyenneté et du rap-port à un Etat. Une exploration de la trajectoire du terme ethnie (qui rem-place race, sur un mode perçu comme euphémistique) et de ses origines grecque et latine (où l’ethnique est l’étranger à la Cité puis le païen) éclaire la constance historique de ce fonctionnement.