Neste trabalho são abordados alguns dos desafios implicados na etnografia online em tempos de pandemia. De um lado, os discursos universalistas e víruscentrados da biologia, a uniformização de tendências, como a de grupos de risco e a polarização de debates entre ciência e negacionismo que tendem a formatar as múltiplas experiências da pandemia nos limites de discursos hegemônicos. Do outro, o trabalho de campo etnográfico que tem sido desenvolvido por meios de tecnologias digitais, onde é preciso considerar que a forma intensiva com a qual o layout de redes sociais reúne muitas pessoas no mesmo espaço, e tende a amplificar a observação em detrimento da participação. No meu argumento, em ambos os casos, as escalas globais, tanto da pandemia como do digital tendem a dificultar a apreensão da situacionalidade e da contingência próprias da experiência etnográfica.