A produção de artefatos cerâmicos em Goiabeiras, região central de Vitória, capital do Espírito Santo, Brasil, é de longa data. Trata-se de uma tradição indígena, cujos primeiros registros datam de 1815. Contudo, a partir de meados do século XX, artesãos do nordeste brasileiro passaram a se instalar no estado, dando origem a novos núcleos produtores. Entre os novos polos ceramistas, os Artesãos de Guarapari, migrantes pernambucanos, foram os que conseguiram se destacar na concorrência com as Artesãs de Goiabeiras. Tendo em vista esse contexto, o presente estudo tem como objetivo central compreender o processo de identificação das artesãs como Paneleiras de Goiabeiras-Velha. A hipótese sustenta que esse processo discursivo, além de envolver a construção discursiva de Goiabeiras-Velha como território da tradição, abarca a demarcação de uma posição diferencial em relação aos Artesãos de Guarapari.