Temos a imagem de um Deleuze voluntariosamente hostil à história da filosofia, na medida em que esta encarnaria uma espécie de agente de repressão do pensamento, impedindo que as pessoas pensem por si próprias. Como conciliar esse Deleuze panfletário e revoltoso com o professor de filosofia e historiador especializado que publica estudos sobre a obra de Bergson, Nietzsche, Espinosa e Lucrécio? Como conciliá-lo com esse Deleuze que conscientemente começou pela história da filosofia, quando ainda se impunha, fez durante muito tempo história da filosofia e leu livros sobre este ou aquele autor? Como, em última instância, com esse outro Deleuze que, mesmo já assumindo escrever livros “por conta própriaâ€, continua a considerar a necessidade de integrar notas históricas nos seus próprios textos? O presente texto pretende explorar essa aparente contradição, analisando criticamente as condições de efetividade de uma historiografia filosófica fundada sobre os primeiros princÃpios do pensamento deleuziano.
We have an image of Deleuze hostile to the history of philosophy, as repressive agent of thought. How could we conciliate that image of Deleuze with the professor of philosophy and historiographer who published books on Bergson, Nietzsche, Hume, etc.? How could we conciliate it with the thinker that, writing by his own, still considers the value of including historical notes on his own texts? This paper aims to explore that superficial contradiction, critically analyzing the conditions of a philosophical historiography founded on the principles of the deleuzian thought.