O artigo problematiza as relações entre pesquisa e inserção social, discutindo
as dificuldades e ambigüidades dos esforços que pretendem articular tais
processos. Buscando tensionar alguns pontos deste debate, o objetivo é
desnaturalizá-los para indicar seu caráter histórico e contingente. Ao tomar a
idéia de desencaixe social como o avesso de inserção social, questiona-se o
quanto o que é visto como crise da escola poderia estar relacionado Ã
qualidade, à circulação e ao impacto da produção de conhecimento, oriundo
das pesquisas produzidas nos PPGs em Educação do Brasil? A partir de um
conjunto de objeções, de tentativas de mostrar que a pesquisa não é
responsável por definir a solução imediata para problemas práticos da
educação, levantam-se possibilidades outras, já que ela não se efetiva como
uma prática diletante. A idéia é a de que, ao considerar as discussões
contemporâneas sobre a natureza terrena da verdade, o caráter contingente da
linguagem, a derrubada das relações entre ciência e progresso e da ficção
antropocêntrica, coloquemos em suspenso os dogmatismos da ordem
moderna, a sacralização da pedagogia e a sua vocação prometeÃsta.
Reivindica-se que pensar a pesquisa educacional, hoje, estaria muito mais
associado à possibilidade de construir novas hipóteses do que de insistir em
perguntas pelo óbvio. Abrir a sensibilidade às questões da nossa época talvez
nos faça enveredar por explorações inusitadas, por avanços impensados, por
possibilidades alentadoras.
To think Research and Social Inclusion
Taking research and social insertion as a problematic issue, the article
discusses the difficulties and ambiguities in articulating these two processes.
Intending to stress some points of such a debate, the objective is denaturalize
them, indicating its historical and contingent character. Taking the idea of social
dislodgment as the reverse of social insertion we debate how much what is
seen as school crisis could be related to quality, circulation and impact of
knowledge production originating from research produced in the Brazilian
Graduate Studies System of Education? Starting from a set of objections, of
trials to show that research is not responsible to define the immediate solution
to educational practical problems, another possibilities are offered, as long as
education is not a dilettantish practice. The idea, considering contemporary
discussions about the earthly nature of truth, the contingent character of
language, the downcast of relationships between science and progress and of
the anthropocentric fiction, is that we put under suspicion the modern order
dogmatisms, the sacred character of pedagogy and its vocation to promise. We
argue that thinking educational research today should be associated to the
possibilities of elaborate new hypothesis instead of insisting in questions about
the obvious. Maybe opening sensibility to the problems of nowadays could lead
us to unsuspected paths, unimagined moves, encouraging possibilities.