Para trás da Serra do Mim – Lá: o inominável lugar

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Editor Chefe: Comissão Editorial
Início Publicação: 31/12/2009
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras

Para trás da Serra do Mim – Lá: o inominável lugar

Ano: 2018 | Volume: 1 | Número: 13
Autores: Fernanda Yazbek Rivitti
Autor Correspondente: F. Y. Rivitti | [email protected]

Palavras-chave: João Guimarães Rosa, desrazão, infância, reversibilidade, poder da palavra

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente artigo analisa o conto "A menina de lá", do livro Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, no rastro da experiência da ordem do aberto, do indefinível e inominável que o locativo "lá" configura na narrativa. O conceito de "desrazão", conforme tomado de Foucault e Blanchot por Peter Pál Pelbart, norteia o percurso de análise, no qual a imagem da criança protagonista, construída no signo da ausência, silêncio e imobilidade, tensiona as ambiguidades de carência e plenitude, loucura e santidade, normalidade e anormalidade, silêncio e Verbo Criador, desdobrando a imagem de infans em sua anterioridade em relação à fala/simbolização, à aculturação, ao utilitarismo, em um "lugar de existência" cujas dimensões podem ser psíquicas ou metafísicas. Na trama do enredo e construção da personagem se deslinda uma rede de sentidos e imagens que obrigam o leitor a habitar, também, o vazio, o aberto, a anterioridade... o lá.



Resumo Inglês:

The following article examines the short story "A menina de lá", from the book Primeiras Estórias, by João Guimarães Rosa. The analysis pursues the experience of openness and the impossibility of defining and naming that the particle “lá” ("there") bestows upon the narrative. The concept of "unreason", as outlined by Peter Pál Pelbart from the ideas of Foucault and Blanchot, constitutes the analytical framework. The image of the child, main character, built upon traits of absence, silence and immobility, tensions the ambiguities of lack and fullness, madness and sanctity, normality and abnormality, silence and the Creative Word. This process unfolds the image of “infans,” in its anteriority regarding to the speaking/symbolic processes, to the acculturation and to the utilitarian thinking, and also in a "place of existence" of psychical or metaphysical dimensions. In the weaving of the narrative as well as in the construction of the character, one finds a tissue of meanings and images that compels the reader to inhabit the void, the openness, the anteriority... the "there".