Este trabalho visa explicitar as tensões manifestas pelo encontro entre o projeto de uma
filosofia reflexiva e a psicanálise a partir de um evento bastante especÃfico: a publicação, em 1965, da
tese De l'interprétation: essai sur Freud, de Paul Ricoeur. Nossa indagação surge do fato de que a
psicanálise introduziu um dos maiores embaraços às filosofias da consciência, na medida em que
estabeleceu o inconsciente psÃquico como fundamento e matriz da subjetividade. Em contraste, Paul
Ricoeur reforça sua pertença à tradição reflexiva iniciada por Husserl, mas com um desvio fundamental:
em seu acesso à subjetividade, essa filosofia reflexiva deve assumir a forma de uma hermenêutica que
interprete os signos da existência do homem. Diante disso, o presente estudo busca indagar que
dificuldades, tensões e contribuições a leitura de Freud oferece ao projeto de hermenêutica proposto por
Ricoeur. O artigo visa mostrar como a leitura filosófica de Freud permitiu a Ricoeur arbitrar as diferentes
e por vezes conflitantes abordagens hermenêuticas em torno do problema do sÃmbolo.
This work aims to spell out clear the tensions manifested by the meeting between the
project of a reflexive philosophy and psychoanalysis, from a very specific event: the publication, in
1965, of the thesis De l'interprétation: essai sur Freud by Paul Ricoeur. Our question arises from the
fact that psychoanalysis has introduced one of the greatest embarrassments to the philosophies of
consciousness, as it established the unconscious psychic as foundation and array of subjectivity. In
contrast, Paul Ricoeur strengthens its belonging to the reflective tradition initiated by Husserl, but with
a fundamental deviation: in your access to subjectivity, this reflexive philosophy must take the form of
a hermeneutics that interprets the signs of man’s existence. Given this, the present study seeks to find
out what difficulties, tensions and contributions the reading of Freud offers to hermeneutic project
proposed by Ricoeur. The article aims to show how the philosophical reading of Freud allowed
Ricoeur to arbitrate the different and sometimes conflicting hermeneutics approaches around the
problem of symbol.