Este artigo trata sobre a curiosidade enquanto uma categoria fundante no processo
de aquisição do conhecimento em Paulo Freire, seja este do senso comum, seja
cientÃfico. Com base nas leituras de Marx (1977) e Engels (1979) parte-se da análise de
que é pelo trabalho que se estabelece uma relação entre ser humano e natureza, de modo
que a perspectiva dialética desta compreensão material e histórica permite conceber a
curiosidade humana como fator imprescindÃvel ao processo gnosiológico. Assim, o sentido
que Paulo Freire atribui à curiosidade humana está em situá-la concretamente nas
condições históricas, sociais e econômicas em que o indivÃduo se encontra. Deste modo,
é possÃvel identificar em Paulo Freire aquilo que denominamos de dialética da curiosidade,
ou seja, o movimento que conduz o ser curioso a uma superação constante de sua
condição numa perspectiva totalizadora da realidade. O fato de não serem rigorosamente
constituÃdos não significa que não haja ‘episteme’ nos conhecimentos provenientes do
senso comum, há sim, de acordo com Paulo Freire (2005), uma distinção proveniente das
relações de poder pelas quais o conhecimento denominado “cientÃficoâ€, da academia, é
denominado “ciênciaâ€.