A prática educativa, em grande parte das instituições escolares, ainda privilegia uma formação predominantemente cognitiva, relegando a segundo plano as dimensões socioemocionais que compõem a integralidade do ser humano. Essa postura tende a reduzir os estudantes a indicadores quantitativos, distanciando-os da noção de humanidade e de pertencimento ao processo educativo. Nesse contexto, a Pedagogia do Afeto surge como uma abordagem capaz de resgatar o valor das interações humanas significativas no ambiente escolar, promovendo relações de respeito, empatia e cuidado mútuo entre educadores e educandos. Estar em uma sala de aula, para o professor, implica lidar diariamente com desafios complexos que vão além da transmissão de conteúdos; requer reconhecer e compreender medos, inseguranças, motivações e expectativas, tanto no plano individual quanto no coletivo. Conforme Vygotsky (2001), a base do pensamento é afetivo-volitiva, estabelecendo uma relação indissociável entre a motivação para aprender e a qualidade do vínculo estabelecido com o professor. Paulo Freire (1999) complementa ao afirmar que ensinar exige disponibilidade para o diálogo e para a escuta sensível, aspectos que fortalecem o processo de aprendizagem e a construção da cidadania. Ao promover um ensino humanizado, que integra razão e emoção, o educador amplia as possibilidades de engajamento dos alunos, favorece a aprendizagem significativa e contribui para a formação de sujeitos críticos e socialmente responsáveis. Este artigo, fundamentado em revisão bibliográfica e em aportes de autores clássicos e contemporâneos, analisa as contribuições da Pedagogia do Afeto para a relação ensino-aprendizado, com foco na educação socioemocional e na promoção da cidadania integral.