Por toda história da humanidade, civilizações e povoamentos sempre se desenvolveram perto de áreas úmidas (AUs), utilizando seus recursos e serviços. Uma definição de aplicação ampla e irrestrita de AUs é de difícil formulação, mas de forma geral esses ambientes compreendem áreas continentais e costeiras permanentemente ou sazonalmente inundadas, com habitats e características físicas variáveis. Apesar da escassez de inventários as AUs brasileiras correspondem a cerca de 20% do território nacional. Estes ambientes apresentam grande importância para a fauna e flora, pois podem abrigar maior parte da biodiversidade regional e espécies exclusivas com adaptações específicas a vida nestes ambientes. As pequenas AUs correspondem a uma parte expressiva das AUs, ainda não adequadamente mapeadas e que exercem relevante papel nos ciclos biogeoquímicos e na provisão de recursos e serviços ecossistêmicos, como produção pesqueira, fornecimento de água, controle de enchentes e regulação climática. Entretanto, estes ambientes estão sujeitos à degradação devido a mudanças no uso do solo, assoreamento, drenagens e pelas mudanças climáticas que alteram o ciclo hidrológico. Desafios para o manejo das pequenas AUs incluem a mudança de paradigma de gestão, inclusão de uma abordagem de matriz ambiental, aumento da consciência quanto à sua importância ecológica, econômica e social, potencialização do efeito de manchas, compromisso governamental e o desenvolvimento de uma política nacional para as AUs.
Throughout human history, civilizations and settlements have always developed near wetlands, using their resources and services. A wetland definition with wide and unrestricted application is difficult to formulate, but generally, these environments consist of permanently or seasonally flooded continental and coastal areas with diversified habitats and physical characteristics. Despite the scarcity of inventories about Brazilian wetlands, they may correspond to about 20% of the national territory. These environments are very important for fauna and flora because they can host most of the regional biodiversity and unique species with adaptations for life under specific conditions. The small wetlands correspond to an expressive part of the Brazilian wetlands, still not adequately mapped and that play a relevant role in biogeochemical cycles and in the provision of ecosystem resources and services, such as fish production, water supply, flood control and climate regulation. However, these environments are subject to degradation due to changes in land use, sedimentation, drainage, and climate change that alter the hydrological cycle. Challenges for the small wetlands management include changing the management paradigm, adoption of an environmental matrix approach, raising awareness about its ecological, economic and social importance, increasing the effects of patch dynamics, government commitment and the development of a national policy for wetlands.