O Sistema Único de Saúde (SUS) tem se desenvolvido há mais de duas décadas. Ao longo dessa caminhada, avanços significativos foram reconhecidos e constata-se, também, que muitos desafios se colocam, ainda hoje, no cotidiano da gestão e das práticas em saúde. Para contribuir com a superação de desafios como o acesso integral e humanizado aos cuidados de saúde, analisam-se aqui as percepções de trabalhadores da saúde sobre atos instituintes do SUS, em Fortaleza (CE). Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com a técnica de Grupo Focal com trabalhadores da saúde, utilizando a Análise de Conteúdo, com a técnica da Análise Temática. O estudo indicou a ampliação do acesso aos serviços, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), em áreas de vulnerabilidade social, apontando a institucionalização de um padrão equânime na organização dos cuidados de saúde. No acolhimento, trouxe a alteridade dialógica do cuidado em saúde como uma tecnologia para a subjetivação de usuários e trabalhadores, quebrando a circularidade do poder médico-centrado. Entretanto, problemas de infraestrutura persistem no trabalho, dificultando o acolhimento dialogado e a prática da alteridade dialógica do cuidado. O estudo indicou a residência médica e a política de humanização como potentes indutores à instituição do SUS. Conclui-se que o encontro entre trabalhadores e usuários é lócus privilegiado para atos instituintes e enfrentamento dos desafios do SUS, onde o uso de tecnologias relacionais é imprescindível.
The Brazilian National Health System (SUS) has been developed for over two decades. Along this walk, significant advances
have been recognized and it has also been observed that many challenges emerge, still today, regarding daily operational
management and health practices management. In order to contribute to overcome challenges such as comprehensive and
humanized access to health care, we analyze herein health workers’ perceptions about the instituting acts of SUS, in Fortaleza,
Ceará, Brazil. This is a qualitative study, conducted through the Focus Group technique with health workers, by using Content
Analysis, with thematic analysis group. The study pointed out an increased access to services, by means of the Family Health
Strategy (FHS), in areas of social vulnerability, indicating the institutionalization of an equitable pattern to organize health
care. In user embracement, it brought the dialogical otherness of health care as a technology concerning the subjectivity of users
and workers, breaking with the physician-driven power. However, infrastructure issues persist at work, making it more difficult
to provide a dialogued user embracement and to practice the dialogical otherness of health care. The study indicated medical
residency and the humanization policy as powerful inducers to institute SUS. We conclude that the meeting between workers and
users is a privileged locus for instituting actions and coping with the challenges of SUS, where the use of relational technologies
is a must.