Este ensaio mostra como o termo ‘populismo’, esvaziado do valor heurÃstico que lhe atribuÃram o marxismo e a sociologia da modernização, e dissociado de qualquer referência a um perÃodo especÃfico ou a um sistema social em particular, tornou-se uma ferramenta ideológica nas lutas polÃticas pela representação da verdadeira democracia na América Latina. Além disso, argumenta-se que, hoje, os principais contrastes entre regimes de esquerda, e de forma mais geral entre os paÃses latino-americanos, não se referem à maior ou menor ênfase na democracia participativa ou representativa, nem ao grau de institucionalização de seus sistemas partidários, mas à capacidade, complexidade e força de seus fundamentos estatais. Nessa linha de raciocÃnio, as diferenças entre regimes podem ser melhor explicadas pela dinâmica da dependência de trajetória, particularmente no que se refere ao legado do perÃodo nacional desenvolvimentista. O caso da Venezuela é analisado para ilustrar esses argumentos.