A partir da compreensão dos processos de ocupação das áreas de colina em cidades brasileiras e portuguesas,
associados à tradição urbanÃstica lusitana de fundar cidades em sÃtios elevados, buscamos identificar
as principais caracterÃsticas dessas áreas enquanto espaços privilegiados para o resgate de forte tradição
presente em nossa cultura urbanÃstica. Tomamos como exemplo dois casos paradigmáticos: Salvador e São
Paulo. Primeiro núcleo urbano do Brasil fundado com status de cidade (1549), Salvador contou com plano
constituÃdo por traças e amostras, esboçando arruamento, muralhas e localização de edifÃcios públicos.
A escolha do sÃtio fundacional, em sÃtio dominante, sobre atracadouro, constituindo a dualidade cidade alta/
cidade baixa, é marca da urbanÃstica de colina praticada pelos portugueses em seu império colonial. Por
sua vez, poucas cidades da América portuguesa tiveram destino tão ligado à implantação em colina como
São Paulo. Até 1850 a vida urbana se concentrou nessa acrópole; o centro criado no inÃcio do século XX foi
implantado sobre a mesma elevação; modernizações sucessivas mantiveram foco no núcleo primitivo. Essa
insistência na transformação da área central apagou traços da ocupação de matriz luso-brasileira, alterando
traçados, morfologia e volumetria, e ocultando a própria situação topográfica. Propomos aqui esforço de
recuperação dos elementos morfológicos da ocupação original desses sÃtios e compreensão dos padrões urbanÃsticos
que as caracterizavam; identificando impactos dessas práticas no desenho e configuração urbanos,
tendo em vista a revalorização desses elementos históricos, muitas vezes obscurecidos por ocupações
posteriores, visando recuperar a forte relação com o sÃtio original em acrópole que marcou essas cidades.
By understanding the processes of urbanization of hill areas in Brazilian and Portuguese cities, associated
to the Portuguese tradition of founding cities in elevated settings, we intend to identify major characteristics
of these hilltop areas, as spaces where this strong tradition, present in our urban culture, can be traced. Two
paradigmatic cases are studied: Salvador and São Paulo. First urban nucleus with city status founded in Brazil
(1549), Salvador had an initial plan outlining street layout, walls and the location of public buildings. The
choice of its site in an elevated, dominant setting, with the port at its base, constituting the “high city/low cityâ€
duality, marks the hilltop urbanism practiced by Portugal in its colonial empire. São Paulo’s role in Portuguese
America was also closely connected with its hilltop implantation. Until 1850 urban life was concentrated in the
original acropolis; the downtown area created at the start of the 20th century was built over the same elevation;
and urban modernization kept its focus on the primitive core. This insistence on transformation of the central
nucleus erased traces of original Portuguese-Brazilian hilltop occupation, altering its layout, morphology,
and skyline, and hiding the topography. We propose to recover morphologic elements from the original urbanization
of these sites and understand the urban patterns that characterized them; identifying impacts of such
practices on urban layouts and conϔigurations, so as to recuperate historic elements, often eclipsed by later
interventions, in order to recover the strong relation with the original acropolis site that marked these cities.