Este artigo tem por objetivo apresentar algumas reflexões acerca da relação
entre identidade étnica e pertencimento territorial entre imigrantes e descendentes de
imigrantes italianos para a região central do Rio Grande do Sul ao longo de mais de
século de processo colonizador. Partindo de pesquisa etnográfica, especialmente
problematizando como essas questões têm sido tratadas ao longo do tempo,
pretende-se salientar o quanto são temáticas abertas e se refazem constantemente
enquanto fronteiras adscritivas importantes para a delimitação das identidades e dos
pertencimentos. Inicialmente um processo migratório formado por camponeses
(católicos e pobres em sua grande maioria) foi, ao longo do contato com a situação
regional, provocando uma migração urbana de alguns para Santa Maria e região.
Posteriormente, às questões relativas à sucessão hereditária da terra, o aumento dos
membros familiares e o pequeno tamanho dos lotes impulsionaram uma migração
para outros estados brasileiros, como Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Bahia,
criando, dessa forma, novas frentes de expansão agrÃcolas no paÃs. Toda essa
movimentação espacial faz parte das memórias familiares e dos itinerários geracionais,
destacando o quanto, para os descendentes de imigrantes italianos, a migração tem
sido algo presente historicamente em suas existências.
This paper aims at presenting some reflections about ethnic identities and
territorial belonging among descendants of Italian settlers in the central region of Rio
Grande do Sul, over more than a century of colonization. Starting from ethnographic
research, and especially from observing how these questions have been seen
throughout time, we intend to show how these adscritive frontiers are important for
the definition of belonging. The migrational process was initially formed by peasants
(mostly poor catholics) and over time and through contact with the city of Santa
Maria and the surrounding region, there was a new migration to other regions. Later,
with the division of lands and hereditary successions, a great number of them moved
to other states throughout the country (Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Bahia)
initiating new migrations and agricultural expansion in the country. All this spatial
movement is part of family memories and generational itineraries, showing how
present migration has been in the existence of the descendants of Italian settlers in
Brazil.