O trabalho de campo realizado durante as pesquisas etnobiológicas requer contato íntimo do(a) pesquisador(a) com o(a) participante da pesquisa, seja por meio de entrevistas ou pela aplicação de métodos participativos para a coleta dos dados. Nesse sentido, em um universo em que as ideias e olhares masculinos predominam, realizar pesquisas de campo nessa área se torna uma tarefa difícil para as mulheres. Da mesma forma, o preconceito e o machismo no meio rural tornam quase inviável a presença feminina à frente de cargos de liderança em associações e movimentos rurais. A proposta desse texto é exibir os relatos de duas mulheres, uma pesquisadora e uma líder de uma comunidade tradicional geraizeira, a respeito das dificuldades enfrentadas durante suas atuações em campo. Partindo de um texto ora narrado pela pesquisadora, ora pela líder comunitária, colocamos em pauta as dificuldades enfrentadas por mulheres em suas atuações em campo e discutimos a importância da união e da parceria feminina para ocuparmos lugares de fala, de luta e de destaque dentro do universo da pesquisa etnobiológica e da liderança comunitária rural. Essas dificuldades incluem assédios, falta de segurança, falta de confiança do participante em transmitir informações, preconceito por assumir cargos de liderança e invisibilidade na tomada de decisões, as quais são pouco exploradas pela academia e pelas lideranças do meio rural e precisam ser cada vez mais postas em evidência.