Este artigo tem por objetivo analisar alguns movimentos de busca por sentido nas letras da banda escocesa Cocteau Twins efetuados por fãs na internet. A pronúncia indecifrável da vocalista Elizabeth Fraser, assim como o fato de a banda ter raramente divulgado as letras oficiais de suas canções, gerou grande especulação em sites e fóruns acerca de seus “sentidos ocultos”. Num primeiro momento, propomos uma análise das interpretações da canção Pink Orange Red a partir dos conceitos de interpretação e superinterpretação de Umberto Eco. Em seguida, propomos pensar o método de composição de Fraser à luz da noção de “produção de presença”, de Hans Ulrich Gumbrecht. A reflexão sobre o tema permite o questionamento das experiências possíveis com o potencial esgotamento da fruição sensorial da música na busca de sentido em seu elemento textual.
This paper aims to analyze some movements of interpretation of the lyrics of the Scottish band Cocteau Twins by their fans on the internet. The indecipherable pronunciation of the singer Elizabeth Fraser, as well as the fact that the band has rarely published the official lyrics of their songs has generated great speculation across sites and forums about the song’s “hidden meanings”. At first, we propose an analysis of the interpretations of the song Pink Orange Red based on Umberto Eco’s concepts of interpretation and overinterpretation. Then, we propose to think about Fraser’s writing method in light of Hans Ulrich Gumbrecht’s notion of “production of presence”. Reflecting upon this theme allows us to question the experiences possible with the potential exhaustion of the sensuous enjoyment of music in the search for meaning in its textual element.