Este trabalho assenta-se em conceitos fundamentais explorados pelo teórico da linguagem e crÃtico literário Mikhail Bakhtin, tais como dialogismo, polifonia, alteridade, carnavalização e liberdade. Dialogando amplamente com Bakhtin, além de seus intérpretes e pensadores, pretende-se estabelecer as bases teóricas para uma crÃtica polifônica da linguagem literária que teorize e problematize as incursões valiosas do autor russo para o pensamento do discurso romanesco e suas reverberações na Teoria Literária hoje. Congregando linguagem, literatura, antropologia e filosofia, os estudos bakhtinianos entenderam que a última palavra (felizmente) ainda não foi dita. Aqui, preconiza-se que a palavra romanesca tem suas origens no cinismo e nos gêneros dialogais da Antiguidade Greco-romana, estendendo-se para o gênero da prosificação do mundo e permanecendo inacabada no grande tempo da cultura. Esse sistema polifônico de crÃtica procura ler, na própria poética literária, caminhos para a construção do exercÃcio crÃtico literário autônomo e respondÃvel, conforme estilizado e realizado na literatura, bem como na práxis da vida humana.