Pobreza de espírito? Philippe Lacoue-Labarthe e a crítica ao nacional-espiritualismo de Heidegger

Natureza Humana Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise

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ISSN: 2175-2834
Editor Chefe: Zeljko Loparic
Início Publicação: 31/05/2015
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Filosofia

Pobreza de espírito? Philippe Lacoue-Labarthe e a crítica ao nacional-espiritualismo de Heidegger

Ano: 2011 | Volume: 13 | Número: 1
Autores: André Duarte
Autor Correspondente: André Duarte | [email protected]

Palavras-chave: Heidegger, pobreza, Philippe Lacoue-Labarthe, espírito, filosofia, política.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Segundo Lacoue-Labarthe, a filosofia tardia de Heidegger se caracterizaria por um “nacional-espiritualismo” de teor quase religioso, articulado por dois procedimentos teóricos complementares: por um lado, pelo caráter “geoetnopolítico” de sua reflexão ontológica, eufemismo com o qual o crítico francês alude ao caráter supostamente fascista da filosofia de Heidegger; e, por outro lado, pela sacralização do texto poético de Hölderlin, interpretado como “texto sagrado”. Em meu comentário crítico à apresentação proposta por Lacoue-Labarthe à conferência Die Armut (A pobreza), de Heidegger, argumento, em primeiro lugar, que a hermenêutica epocal do ser deve ser entendida como uma superação da anterior concepção heideggeriana a respeito da missão histórico-espiritual do Dasein do povo alemão. Em segundo lugar, argumento que a hermenêutica epocal heideggeriana não se confunde com qualquer procedimento de sacralização dos textos poéticos, de sorte que o privilégio concedido à poesia no contexto do pensamento tardio de Heidegger mereceria ser mais bem caracterizado levando em conta sua exigência de encontrar uma linguagem não calculadora, pós-metafísica.



Resumo Inglês:

According to Lacoue-Labarthe, Heidegger’s later philosophy is characterized by a sort of quasi-religious “national-spiritualism” articulated by two theoretical procedures: on the one hand, by his attribution of a “geo-ethno-political” character to his ontological reflection, an aspect which would carry together with itself a fascist penchant; on the other hand, by his sacralization of Hölderlin’s poetry, which would be interpreted by him as “sacred text”. In my critical commentary to Lacoue-Labarthe’s presentation of Die Armut (On poverty), a Heidegger’s conference, I argue, firstly, that Heidegger’s hermeneutics of Being is to be understood as the overcoming of his previous considerations about the German people’s historical mission; and secondly, that Heidegger’s hermeneutics of Being has nothing to do with the sacralizing of poetical texts, but rather with the search of another way of saying, by means of a non-calculative, post-metaphysical language.